segunda-feira, dezembro 20, 2004

vai um cafezinho normal?

A piada seca pode fazer depender a sua existência do background cultural de cada um. Aqui se tem discutido sobre os contextos em que surgem as piadas secas, e que se me afiguram como imprescindíveis no cabal entendimento e enriquecimento da piada seca.
Mas há quem já aqui tenha falado, também, da prática da piada seca. Lamento não vos poder dar a referência (podem descontar na avaliação), mas, de facto, não consigo localizar a frase que me interessa. Desconfio que foi colocada num comment, e daí a maior dificuldade em encontrá-la.
Parece-me pertinente que, a acompanhar a reflexão teórica sobre a piada seca, se deva colocar os frutos de tal reflexão em prática. E com isto não me refiro à mera pulicação da piada seca, mas principalmente à execução da referida, num determinado contexto, enquadrado por um determinado espaço e tempo. Isto é, fazer o processo inverso. Em vez de reflectir sobre a piada seca que surgiu na noite anterior, porque não pensar a piada e executá-la na noite seguinte?
E passarei a dar um exemplo. Devo referir, que no tal trecho que não encontro, me pareceu existir também um exemplo, o qual não consigo aferir se foi verdadeiro.
Embora esta piada possa ser demasiado seca, pesa a seu favor o facto de poder ser induzida nos outros, bem como o facto de ser verdadeira.
Esta experiência depende antes de mais do grau de culturalidade inerente à região onde é executada. E passo a explicar. Há algum tempo, certos colegas conimbricenses encontravam-se no estado de erasmus, no país Basco, onde encontraram alunos na mesma situação, originários de Lisboa. Com a simpatia da região de Coimbra, os colegas perguntaram aos Alfacinhas se queriam combinar um cafezinho, num dia à noite (esta questão do dia e da noite é uma injustiça), ao que os interpelados, pesarosos, responderam:

- Desculpem, mas nós não bebemos café.

Os colegas conimbricenses ainda pensaram em explicar que num café não se toma só café, mas temendo serem mal interpretados, recolheram-se ao silêncio.
Por isto, vou supor que a experiência, que ora passarei a explicar, será realizada onde a conjuntura cultural permita inferir o significado do tomar café.
Convém referir antes, que se não têm o hábito de tomar café, deverão recorrer àquilo a que chamo criação do grupo de controlo. Antes da experiência propriamente dita, convide uma pessoa para tomar café e atente na forma como ele é pedido:

- Queria um café, por favor.
- Era um café, se faz favor.
- Pode ser um café, por favor.

Depois quando já estiver convencido que é este o modo usual de pedir café, passe à experiência:
Convide uma pessoa para tomar café. Convém ser apenas uma pessoa e não um grupo, já que neste último caso poderão existir variáveis que distraiam a vítim..., quero dizer, pessoa em questão.
Quando o empregado chegar ao pé de vós, peça primeiro:

- Queria um café pingado com leite frio e adoçante, por favor.

Pratique antes e tente dizê-lo de forma natural e ritmada. É possível, mas não necessário, que o empregado lhe peça para repetir ou, mais raramente, mas igualmente possível, que lhe peça a esferográfica que tem na mão para apontar o seu pedido (uma forma de evitar isto é, não esferográficas visíveis).
Este tipo de pedido costuma deixar as outras pessoas um tanto ou quanto desorientadas (ainda não consegui explicar cientificamente esta situação), quiçá em estado de choque, pelo que assim que tiver pedido e confirmado que o empregado entendeu bem o seu desejo, deverá colocar um sorriso tranquilizador e olhar para a pessoa que está consigo, de forma a que ela perceba que já pode pedir:

- Queria um café normal, por favor.

Nota Final: Convém não fazer esta experiência com quem esteja elucidado sobre a sua explicação. E porque a maior parte das vítim... pessoas nem se apercebe que diz normal, pode fazer render a situação, colocando o ar mais inocente que conseguir, inclinar a cabeça como quando estamos muito atentos, abrir desmesuradamente os olhos e perguntar:

- O que é um café normal?

39 comentários:

RedScout disse...

Café, água e açucar?

topealvim disse...

Muito bom! Faz-me também lembrar a questão do
"Vamos beber um copo?" ou "Vamos comer um prato?".

Eu pessoalmente gosto mais do "Vamos beber uma água com gás?" ou "Vamos comer um bacalhau com natas?".

Mas isto são devaneios :) é segunda feira

RJT disse...

Gostava de saber mais pormenores estatísticos sobre esse estudo, que me parece fascinante. Esta questão faz-me lembrar uma expressão que eu desgosto: não é normal. Esta expressão já é má em si mesma, mas quando aplicada a uma pessoa é ainda pior.

RedScout disse...

Essa expressão do não é normal é encarada como algo depreciativo. Não entendo porquê... Ao dizer que algo não é normal, tanto pode ser acima do normal, como abaixo do normal.

RJT disse...

A questão não é o significado literal da expressão. Mesmo quado não é usada em tom pejorativo (e "normalmente" é), a expressão continua a irritar-me um bocado, porque, sinceramente, eu não conheço ninguém normal.

RedScout disse...

Já agora, define normal.

RJT disse...

Por incrível que pareça, eu já tinha dedicado algum tempo a pensar na resposta a essa questão. Para mim normal pode ter dois significados: pode ser normal por ser a moda (obviamente, a definição estatística) ou então normal como algo estatísticamente relevante. Pela primeira definição, pode-se dizer que foi normal votar no PS nas últimas eleições eurpeias. Pela segunda, pode-se dizer que foi normal votar no PSD nas referidas eleições.
Nenhuma das duas definições é aplicável a pessoas.

Porky disse...

Pois. Eu não gosto de ser "normal". Normal não é para mim. Por outro lado não gosto de ser tratado por "especial". Associo o adjectivo "especial" aos jogos olímpidos "especiais"... o que não assim grande elogio...

Já agora, em relação ao post inicial do café, devo contar uma experiência semelhante. Fui passar uns dias ao Algarve com uns amigos meus, e quando íamos a um café a frase já saía reactivamente:
- Era um café cheio, um curto e três normais.
A maior parte das vezes tínhamos que repetir. Por algum motivo parecia ser informação a mais. É estranho pois os empregados de balcão já deviam estar bem ágeis na utilização de conceitos como "café curto" ou "café longo". Se calhar era mesmo o conceito de "café normal" que os confundia.

RedScout disse...

Os empregados estão programados para receber um número. Tudo o que seja mais do que isso já implica a repetição da introdução da informação.

Sofia Bento disse...

"Normal" parece ser daqueles vocábulos que, das duas uma, ou não significam realmente nada (o que é normal para o outro pode não o ser para mim), ou servem de muleta a uma qualquer desculpa esfarrapada, para atitudes ou reacções de quem leva uma vidinha que precisa ser justificada...
É daquelas palavras que não é preciso repetir muito para se gastar. Por isso é quase filosófio perguntar o que é um café normal. A expressão "queria um café normal" não tem sentido.
Tal como qualquer outra expressão em que se substitua o café por qualquer outra palavra...

RedScout disse...

Com esse comentário lembraste-me outra palavra magnífica que é o pois. O pois é daquelas palavras que ficam sempre bem em qualquer situação:
- quando queremos concordar com alguém dizemos pois;
- quando não fazemos a mínima ideia do que é que se está a falar dizemos pois;
- quando não sabemos o que dizer a seguir dizemos pois...

RJT disse...

Esta última teoria do RedScout é completamente verdadeira, como o prova o facto de ter side denvolvida de forma independente por pessoas diferentes do mesmo blog: eu já tinha ensinado essa técnica a um jordano nosso colega.

Sofia Bento disse...

Serão estas as razões pelas quais os telefonemas das mães com as mães delas ficam sempre recheados de pois?

Paulo Sacramento disse...

Sobre isto (ou não...) o tenho uma coisa a dizer:
Faz-me muita confusão o facto dos posts serem assinados por baixo e os comments por cima.

P.S.: Um doce a quem responder adequadamente a este comment.

RJLouro disse...

Normal é a simples designação a uma maioria. Essa maioria depende de muitos factores, cultura, local, etc. Há sempre aquela reflexão interessante "Se o mundo fosse composto por 95% de pessoas insanas, quem seriam as pessoas normais?" Já agora, reparem que na sociedade de hoje em dia cada vez é mais complicado definir o que é uma pessoa normal.

RJT disse...

Mas alguém me consegue explicar o que é uma pessoa normal (ou o que era, já que hoje em dia é mais dificil de definir)? É que eu gostava mesmo de saber. Sinceramente, eu não conheço ninguém normal. OK, conheço um tipo genérico. Mas como só conheço um, não me parece que isso seja normal.

Sofia Bento disse...

Sr. HeroOfTheDay: Existem quatro explicações, uma filosófica, uma social, uma jornalística e a quarta, as primeiras duas apostadas no grau..., quero dizer no metro da importância, a terceira, histórica, e a quarta, a verdadeira explicação.

Explicação Filosófica:
É fácil de perceber que não importa a resposta que se dá, mas sim a pergunta que se faz.
Reparem que muitas vezes se fala na "arte de perguntar" ou na "arte da pergunta" (há imensa bibliografia sobre esta questão), mas nunca se ouve falar na "arte de responder".
Como tal, as questões, as dúvidas, surgem de uma discussão (que surge dos comments, passíveis de englobar mais do que uma pessoa, e, como se tem visto, muitas vezes sem relação directa com o post). O post poderá assim ser encarado como um mero pretexto para a discussão. Como tal, o gra... o metro da importância do post é secundário. Consequência: a assinatura também o é: fica no final. A importância do comment é de tal forma, que empola o metro da importância do autor e consequentemente a assinatura fica no início, bem visível.

Explicação social:A nossa sociedade tem vindo a desenvolver-se no sentido da opinião, apanágio dos comments. Pode não haver ninguém que saiba, mas toda a gente opina. O sr. Rangel há pouco tempo recebeu um prémio pela criação desses dois políticos elevados à categoria de comentadores pela televisão pública, os jornais começam a estar infestados de colunas de opinião: os opinion-makers, antigos padres, droguistas/farmacêuticos, professores de uma comunidade pequena originaram comentadores políticos, desportivos, literários etc, etc. Parece existir este ponto assente: na nossa sociedade mediática, não basta dizerem-nos em que pensar, fazendo a nossa agenda, mas têm de dizer-nos como pensar, atulhando-nos de opiniões sobre qualquer coisa. Por isso, o comentário é tido como mais importante, donde a assinatura de quem opina vem antes.

Explicação jornalística:Um post tem a sua origem na notícia e por isso traz dela algumas características: deve conter factos (embora os posts dos blogs de hoje não obedeçam a esta regra) e por isso o nome pode vir no final.
No caso dos comments, que advêm da opinião de alguém, trazem à partida o nome em primeiro lugar, porque a opinião, para além de ter de ser sempre obrigatorimente atribuída, será diferentemente interpretada consoante a pessoa que opina. Se começar a ler um texto opinativo, e como tal, muito mais subjectivo do que o relato de factos, sem saber quem o escreve poderei não conseguir interpretá-lo correctamente.
Além disto, convém o nome do opinion-maker aparecer logo no início, para ficarmos logo a saber qual a pessoa sobre a qual temos de fazer pressão ou colocar em tribunal...Explicação quarta (ou verdadeira):Na realidade, sr. HeroOfTheDay, todas estas explicações, servem apenas para lhe dar a hipótese de poder escolher uma delas e não ficar muito triste com a verdadeira razão: é que a blogspot.com sabia como o sr. HeroOfTheDay ía ficar confundido com esta matéria e foi por isso que resolveu colocar, só por sua causa, as assinaturas dos posts em baixo e as assinaturas dos comments em cima...

RedScout disse...

Uma resposta mais curta (mas não necessariamente errada) ao comentário do Sacra:
Vê lá se passas a comentar só quando estás sóbrio... Essas confusões são normais com o álcool.

Paulo Sacramento disse...

Bom, ainda ninguém respondeu adequadamente. Sugiro que releiam todos os outros comentários.

A minha avaliação das duas tentativas de resposta, de 0 a 20:

Sofia Bento: 1 (só porque fica mal dar 0, mas não teve nada a ver. Chumbo!)

RedScout: 2 (aproximou-se muito pouco mais da resposta. Só por isso, não leva 1)

Porky disse...

Desculpa HeroOfTheDay, mas não posso discordar mais da tua opinião. A Sra Sofia apontou razões lógicas e coerentes (ok, isto não ajuda). Eu apostava na quarta razão....

Sofia Bento disse...

Lembrei-me agora de um exercício interessante, mas que me está vedado porque não vos conheço. Talvez fosse curioso ler os posts de acordo com o autor do seguinte, será que iriam contradizer aquilo que conhecem uns dos outros?
Isto é, se lerem os comments sem verem o autor conseguem dizer quem o escreveu?

A quarta razão... a verdadeira... poderá o sr. Day provar que não é verdade? E saberá ele responder convenientemente a esta? :)

RedScout disse...

Mas se o teu comnetário não tinha nenhuma pergunta, como queres que te respondam?

Porky disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Unknown disse...

Será que a resposta é:
pois...


PS: Na verdade eu sei que é esta a resposta porque o nosso herói está aqui no laboratório e já confirmou...

RJT disse...

Muito bem visto. Estava há meia hora a ler os comentários repetidamente e não me ocorria absolutamente nada.

Paulo Sacramento disse...

20 valores e um doce para o Mestre Espiritual Zarroba, que, apesar de eu estar junto dele no momento do click, chegou lá sozinho, fazendo assim jus à sua condição de entidade superior (ou não...).

Quanto aos outros, shame on you. Vão ter de se esforçar mais para a próxima. É que a distância a que vocês estiveram da resposta certa é assustadora.
De qualquer forma foi interessante ver-vos divagar tanto por algo que não o justificava de maneira alguma.
Já devem estar fartos de ouvir isto dos vossos professores, mas façam o favor de pensar antes de responder.

Sofia Bento disse...

Ninguém gosta de levar um 1 (numa escala de 0 a 20). Eu também não e este foi o primeiro. No entanto, venho desta forma pedir ao sr. professor HeroOfTheDay que, em vez do um, lance na pauta o 0, já que pior do que levar um 1, é levá-lo como uma dívida. Esse é um dos problemas do ensino em Portugal: o professor corrige o exame e dá 7, depois pensa, "Ah se puxar nesta pergunta até dá para o 8... e nesta chegava ao 9, 9 é quase 10, dou-lhe o 10!". Os alunos vão pensando que tudo vai bem, esforçam-se cada vez menos, e os professores ainda têm a lata de queixar.

Agora que a resposta foi dada, analisemos a correção. A pergunta exige que o aluno alcance três objectivos, denotados pelas resposta "pois": que se concorde, que não se faça a mínima ideia do que se está a falar e que não se saiba o que dizer a seguir.
Parece-me, e não me orgulho disto, que tanto o sr. RedScout como eu, concordámos que o sr. HeroOfTheDay ficava confundido, nenhum de nós colocou isto em causa. Depois, como o sr. Day confirmou sobejamente, não fazíamos a mínima ideia do que se estava a falar. Pecámos talvez porque soubémos o que dizer a seguir, dando largas à verborreia. (Eis uma opotunidade em que devíamos ter ficado calados).
Sendo assim, 20/3=6,6(6)*2=13,(3)~13.
A correcção do sr. Day é característica do velho paradigma educacional, que acha que os alunos são papagaios que devem decorar a matéria e despejá-la exactamente da mesma forma no exame.
Situação semelhante ocorreu há uns anos atrás no departamento de Matemática da FCTUC:
Uma aluna teve 9 no exame e foi ver a correção, reparou que numa demonstração de um teorema tinha 0 valores e perguntou a razão, já que tinha estudado pelo livro recomendado, o famoso Elon. O professor disse à aluna que, que apesar da demonstração estar correcta, tinha-a demonstrado de forma diferente na aula, e era essa que ela devia ter escrito!

Devo admitir, no entanto, que nunca seria capaz de chegar à resposta cabal e elegante do sr. Z@, já que o "pois" faz parte dos traumas de infância, como já vos disse, e aproveito para pedir-vos que quando as vossas futuras (ou presentes) sogras telefonarem às vossas futuras (ou presentes) esposas, retirem as vossas futuras (ou presentes) crianças da sala, de modo a que não possam ouvir a conversa.

Está a ver, sr. RedScout? O nosso erro foi termos tentado responder pelas nossas palavras, foi tentar reflectir por nós próprios, pensar por nós. Por isso, sr. RedScout, ao invés de ficarmos tristes, ostentaremos com orgulho, eu, o meu zero, e sr. RedScout o seu 2, como um estandarte da liberdade de pensamento.

Por último, volto à resposta do sr. Zarroba, confirmação desnecessária do líder espiritual que é, para fazer um pedido que vem no sentido de um dos dois comentários, que me têm ocupado o pensamento de há tempos a esta parte, deste grande líder.
É um exercício. Quando criarem uma piada seca, e a memória não vos falhar, poderiam postá-la (raio de aproximações), deixar passar algum tempo para que se possa discutir e depois descrever a situação em que ela surgiu, para podermos aferir das diferenças e daquilo de que o sr. Z@ falava, que eu concordo, mas que ainda não consegui provar: "A grandes piadas secas têm uma aura à sua volta devido à situação que levou à sua (da piada) criação. E isto eleve o nível da subjectividade da piada seca para níveis mais elevados."

RedScout disse...

Só um reparo ao teu comentário... tira lá o Sr. antes do RedScout. Trata-se simplesmente por RedScout ou Pedro.

Porky disse...

Já tinha mostrado a minha indignação por estes enigmas de uma mente presa ao seu próprio contexto como é a do Sr.Day. A atitude de querer que outros conjecturem o que o teu iluminado intelecto reflectiu é, no mínimo, pretenciosa. Isto para além das razões apontadas pela Sra.Sofia de que parece que queres moldar as pessoas deste blog à tua imagem e semelhança.
20 valores para a Sra.Sofia, pela sua resposta, espírito crítico e coragem para confrontar os poderes instituídos deste blog.

PS: Ó Sacra, isto é tudo na brincadeira, ok?

Sofia Bento disse...

Pronto, agora é que foi: "tira lá o Sr. antes do RedScout".
Eu pensava que nesta casa eram todos uns "Senhores", mas afinal não gostam, não acham simpático.
Nunca, nunca mais tratarei ninguém aqui por sr. e um dia, um dia hão-de sentir falta!
:'-(

RedScout disse...

O meu comentário não visava ofender ninguém (leia-se Sofia). No entanto (e talvez seja defeito meu... ou não), não gosto que me tratem por senhor, faz-me sentir velho.
Um segredo: quando quiserem alguma coisa de mim, tratem-me sempre por tu, é um bom argumento para me convencerem.

Porky disse...

Pronto, pronto! Não fiques assim.
Também eu, em tempos idos, interpretei mal os teus Sr., mas agora aceito-os. Tanto que alterei a minha forma de tratamento.
Por mim, posso continuar a ser Sr.

Unknown disse...

Primeiro vou começar pelo fim (até parece uma frase bíblica... ou não):
Sofia não fiques triste.... por mim podes chamar-me por sr.Z@ ou sr.Zarroba sempre que quiseres :)
Acho também que é um bocado vergonhoso, e o Sacra que me perdoe, mas mesmo que não fosse a resposta que querias, a resposta da Sofia foi tão escorreita que merecia uma nota bem mais elevada.
O que me leva a outra questão: A Serendipidade na piada seca. O conceito de Serendipidade é dos conceitos de que mais gosto e, embora nunca tenha pensado sobre isso (veio-me à cabeça enquanto estava a escrever o comment, mais uma vez a serendipidade a funcionar), será que a piada seca é proporciona a que a serendipidade "ocorra"?
O outro ponto levantado pela Sofia, o da contextualização da piada seca é também deveras interessante. O exercício a que se refere a Sofia é deveria ser tentado, mas dele surgiram mais problemas. A própria contextualização poderá levar a um aumento da subjectividade da piada no caso em que o contexto da sua criação esteja demasiado ligado a um indivíduo específico, com as suas características específicas. Neste caso, o efeito da piada aumentará apenas para aqueles que conhecem o tal indivíduo. Mas para quem não o conhece o conhecimento do contexto poderá contribuir para uma diminuição do efeito da piada uma vez que poderá retirar a mística da piada.

Sofia Bento disse...

Obrigada, sr. TRAlves... sniff...obrigada sr. Z@... sniff

Paulo Sacramento disse...

-------- 1º Acto --------
(sobe o pano)

Caro colega blosequista TRAlves: Chamar-me pretencioso é o mesmo que chamar Glorioso ao Benfica. O qualificante confunde-se com o qualificado. Nunca o escondi, vocês têm consciência disso e eu também. O que se passa é que o pretenciosismo não é algo que as pessoas se orgulham de desfraldar no ar como uma bandeira. Bem pelo contrário, preocupam-se muito em escondê-lo, o que é grave na mesma medida em que esta é uma característica comum do ser humano, penso eu. Eu não me preocupo se o mostro ou não. Aceito-o. Prefiro ser pretencioso do que ser hipócrita e esconder algo que faz parte de mim e que se revela não raras vezes no que digo, faço e escrevo.

Dito isto, vocês também sabem que não costumo levar as coisas a mal, pelo que não me chateia nada do que possam dizer. Aprendi com o Sr. Feynman a não me importar com o que as outras pensam de nós. Curiosamente, creio que o colega TRAlves partilha desta filosofia.

Não quero moldar ninguém à minha imagem, até porque tenho consciência da grande asneira que isso seria a vários níveis. Mas, e se quisesse? O problema é de quem molda ou de quem se deixa moldar?

Gostaria também de dizer que encaro como um largo elogio a afirmação de que "estes enigmas" provêm "de uma mente presa ao seu próprio contexto". Não sei de que outra forma poderia ser verdadeiramente original. Quem escreve neste blog sob o nome HeroOfTheDay sou eu e não qualquer outro alguém que controle ou influencie demasiadamente a maneira como penso.
Se todos concordarem que a originalidade é sagrada e necessária a este blog como a tudo na vida, então não vejo como isso possa ser mau.
Disse o nosso grande Fernando Pessoa:

"Para ser grande, sê inteiro: nada
teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
brilha, porque alta vive."

Não esperem menos que isto da minha parte. Pois estas palavras sorvo-as como a água no deserto.

(cai o pano)
-------- Fim do 1ª Acto --------

-------- Interlúdio --------
(ouve-se uma voz)

E agora que isto ficou para trás das costas, os habituais avisos:

- Nada do que disse, por mais eloquente que pareça, deve ser levado demasiadamente a sério. Afinal, eu estou sempre a brincar. Ou não...
- Sim Porky, eu sei que isto é tudo na brincadeira, ok? Ou não...

(eco-a o "Ou não..." cada vez mais ténue. Ouve-se o vento)
-------- Fim do Interlúdio --------

-------- 2º Acto --------
(sobe o pano)

Cara colega blosequista Sofia Bento: Já é a segunda vez que, num blog, se manifesta, de forma despropositada, porquanto carente de conhecimento aprofundado das minhas visões sobre o Ensino, contra a minha pessoa.
No entanto, apenas queria falar de duas coisas que me chamaram a atenção no seu comentário:

- A sua argumentação relativamente à alegada injustiça da minha avaliação é brilhante. Confesso que demorei ainda mais tempo do que o habitual a dissecar todo o potencial informativo do seu comentário. Aliás, interpretar a string "20/3=6,6(6)*2=13,(3)~13" foi um desafio estimulante, que lhe agradeço imenso. Confundi-me quer com a notação, quer com o significado dos valores. Felizmente, lembrei-me atempadamente do conceito de dízima finita periódica, e uma leitura mais atenta permitiu-me também dar significado aos valores. Veja lá que pensei que queria dividir os 20 valores por 3 (Você, o RedScout e o Mestre Z@). A segunda parte da string tornou-se verdadeiramente enigmática por essa altura... Gostaria também de a alertar que está na presença de vários Engenheiros Informáticos, para os quais 20/3 = 6.
Bom, infelizmente, a resolução do meu enigma envolvia um raciocínio que ultimamente permitiria uma resposta bastante sintética. A capacidade de síntese, embora não seja algo que eu ache que se deva cultivar cegamente (escrever é TÃO BOM), era aquilo de que estava à procura. Sobretudo porque vinha no seguimento lógico da discussão sobre a palavra "pois". Ficava "a matar" a seguir ao meu comentário, que era completamente despropositado e inconsequente.
Concordará que falhou rotundamente nesse aspecto. Foi por isso que teve 1, e a seu pedido, terá 0.

(cai o pano)
-------- Fim do 2ª Acto --------

Paulo Sacramento disse...

Ah, a segunda coisa que me chamou a atenção no comentário, foi o facto de uma jornalista escrever "soubémos". A minha costela pretenciosa pensa que deveria ser "soubemos", sem acento. Se estiver errado, é normal. Sou pretencioso.

Unknown disse...

Estou a sentir vibrações negativas no ar! Isto não pode ser, vão imediatamente ao post das impressoras e ouçam a música de Natal que isso passa!

Porky disse...

Não senti vibrações negativas nenhumas. O HeroOfTheDay tem razão naquilo de sermos parecidos em aspectos muito muito específicos.

É Natal, ninguém leva a mal!

Sofia Bento disse...

Vou começar pelo fim, mas antes peço desculpa pelo que segue e justifico com o facto de, uma vez que que o meu discurso foi alvo de uma correção deselegante no espaço público, gostaria de poder defendê-lo também no espaço público.

Sr Day
Evidentemente que soubemos não tem acento. Mas deixe-me dizer-lhe que considero profundamente deselegante ter-me apontado tal erro ortográfico em tal comentário, já que os meus outros comentários também contêm erros, às vezes caracteres a mais, como é este o caso, outras vezes, a menos. Inclusive, há, até, frases a que faltam palavras. Isto deve-se, fudamentalmente, ao facto de escrever de forma rápida e não revisar os textos. No entanto, nunca o sr. Day chamou a atenção para esse facto, nem no meu discurso, nem no dos colegas, nem no seu próprio.
O sr. HeroOfTheDay tem o meu contacto, pelo que se estivesse realmente preocupado com o meu português teria falado comigo directamente, donde concluo que, na verdade não quis chamar a minha atenção, mas sim a de todas as pessoas que visitam e escrevem neste blog.
No entanto, ainda bem que o fez porque isto me permite aferir que o meu comentário foi ofensivo, e assim terei oportunidade de pedir desculpa, porquanto não foi essa a minha intenção.

Desculpe, portanto. [Esta frase também contém um erro, mas é para deixar mesmo assim.]


Vou acrescentar ainda que o facto de ser jornalista não faz o erro ortográfico maior do que é. E fico triste que tenha feito uso de uma das minhas competências, que não exerço nesta casa, unicamente para empolar um erro que cometi. O Português e a Matemática são disciplinas fundamentais, pelo que uma jornalista tem tanta obrigação de escrever correctamente quanto um engenheiro informático, um físico, um matemático, um biólogo.
A assunção de os alunos da área de ciências não precisarem do Português e isso levar os professores a serem demasiado benevolentes, traduz, aqui sim, uma forma de paternalismo abjecta, que recuso terminantemente.

Peço desculpa pela string, acreditei, ingenuamente admito-o, que os engenheiros informáticos teriam competências matemáticas. Da próxima vez que me der para os números terei mais cuidado. Nunca me tinha passado pela cabeça que um professor colocasse a hipótese de dividir 20 valores pelo número de alunos que fazem o exame, mas obrigada pela ideia: é de mestre.

De facto, tenho discordado da visão do sr. Day relativamente ao ensino, mas estou disposta a admitir que tal se deve ao facto de não interpretar correctamente o seu discurso (e repare que estou a sublinhar o facto de ser eu quem não percebe o seu discurso). E admito até que estejamos, os dois, a defender o mesmo.
De qualquer forma, nunca me manifestei contra si, manisfestei-me contra aquele que penso/pensava ser o seu discurso. Como sabe, é muito diferente dizer que uma pessoa tem um discurso tolo (ou outra coisa qualquer) de dizer que uma pessoa é tola (ou outra coisa qualquer), esta última, sim, passível de ser entendida ofensivamente.

Já pedi desculpa por ter apontado outras hipóteses de correcção, com as quais, já percebi que não concorda. Tem esse direito. Se eu puder fazer algo que redima a ofensa, ainda que involuntária e inconsciente, que perpassa no meu comentário, estarei à sua disposição.