Encontrei hoje (ou não...) dois cidadãos enlutados, um com sotaque alfacinha, outro com sotaque tripeiro. Ambos levavam um cravo na mão, boina à Che Guevara, barbas compridas, e o do Porto até levava um leitor de cassetes através do qual se podia ouvir o FMI do Zé Mário Branco, e as Canções Heróicas do Fernando Lopes Graça.
O de Lisboa, tristíssimo, diz-me: "Vou para o funeral desse notável lisboeta, o camarada Cunhal. Ele era o ABC do comunismo, porque se chamava Álvaro Barreirinhas Cunhal. Nós em Lisboa é que tinhamos o ABC do comunismo. E agora... snif... snif...".
Nisto responde o do Porto "Eih, alto lá: nós lá no Porto também temos o ABC do Comunismo!".
Eu fiquei intrigado e perguntei "mas qual ABC do comunismo, lá no Porto? Não estou a ver...", e a resposta foi pronta: "É o Angelo Beloso, Carago!"
quarta-feira, junho 15, 2005
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2 comentários:
Por acaso o nome do camarada Cunhal sempre me fascinou. Eu acho que se perdeu um grande jogador de futebol. Sim, porque uma pessoa que se chama Barreirinhas dá de certeza um grande jogador de futebol.
Sem dúvida... tem nome de central. Ou mesmo de ponta de lança. Já na advocacia, adinhava-lhe poucos sucessos. O cognome de "Dr. Barreirinhas" não o favorecia muito.
Reconheço que tenho e li, para além de todos os escritos enquanto "Manuel Tiago", as ilustrações dele para os "Esteiros" do Soeiro Pereira Gomes, bem como os desenhos da prisão, e ainda alguns escritos políticos de vulto, como "O Partido Com Paredes de Vidro"... é verdade, o génio do homem não me era indiferente. Ouvi os seus programas na Antena 2 sobre as 9 sinfonias de Beethoven, li o Rei Lear pela sua tradução... ou seja, é com especial "intimidade" e cumplicidade que faço piadas sobre o avô Cunhal. Até sempre!
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