quinta-feira, junho 29, 2006

Post candidato a mais de duas dezenas de comentários, mesmo sem referências negativas aos Tangerina

O povo português é de uma candura enternecedora. De uma afabilidade, de uma fidelidade, ah mas que fidelidade. Este é um povo que se rege pela máxima "só a morte é que nos há-de separar". Este povo confia. Escolhe os seus governantes e confia. Ah! E como confia. E se não, repare-se:

O Governo prepara-se para aprovar um pacote de medidas com repercussões desastrosas para os trabalhadores.
E o povo? Sai para a rua, a cantar e a dançar. Passa os dias com um sorriso de orelha a orelha.

Mais um abismo, dos maiores dos últimos tempos, pelas repercussões noutras unidades fabris localizadas geograficamente perto. O Governo não se rala. Os trabalhadores alemães protestam contra o encerramento da fábrica da Azambuja, em Portugal. Nós, vizinhos, compatriotas desta gente em vias de perder o emprego, vamos para a rua cantar e dançar de sorriso de orelha a orelha.

A ministra da Educação continua a lançar nos media as maiores barbaridades "A motivação dos professoress não é um problema"; "Não há violência nas escolas e se a há, a culpa é do professor que não exerce a sua autoridade".
E o povo? Sai para a rua, a cantar e a dançar. Passa os dias com um sorriso de orelha a orelha.

Este é definitivamente o povo ideal de qualquer governo. Dizia-me um amigo há pouco tempo, que este governo só não muda as cores da bandeira porque o pessoal a leva para os estádios e podiam dar por ela...

É como vos digo. Não há povo mais fiel, mais tenaz. "Até que a morte nos separe".
O único problema é que morrer é capaz de ser um bocadinho aborrecido.

De resto, no Mundial só vejo mesmo um ponto negativo: os gajos começam a parecer-se com miúdas histéricas. Eu ainda não vi, mas tenho esperança de, até 9 de Julho, ainda conseguir ver gajos a puxarem os cabelos como raparigas no tempo dos Beatles.

3 comentários:

RJT disse...

Bem Sofia, foi um post cheio de manipulações. Parabéns, já podes ir para a política! Enquanto apreciador de Retórica, advogados do diabo, discussões e lógica, não posso deixar de gostar do post.

No entanto...

Seguindo o teu próprio link, pode perceber-se que os trabalhadores alemães não estavam propriamente a ser solidários:
Os trabalhadores do construtor automóvel alemão Opel interromperam hoje temporariamente o trabalho para protestar contra as ameaças de encerramento de várias fábricas da marca, nomeadamente em Portugal
(porque não se prevê que a fábrica da Alemanha aguente muito tempo)

Para além disso, os alemães têm saído à rua contentes ainda mais do que os portugueses. Há aí uma diferença de ordem de grandeza importante entre dizer "os trabalhadores alemães protestam" e "os trabalhadores da Opel alemã protestam".

Em relação aos professores, sinceramente acho que precisavam de ouvir umas quantas barbaridades. Tendo em conta as histórias que eu ouço de fonte próxima, a ministra até nem tem sido muito má... Aliás, isto devia ser extendido também a outros sectores da sociedade portuguesa. Faz falta a Portugal ouvir algumas barbaridades dessas de quem está no poder, para finalmente perceberem todos que o "deixa andar e logo se vê" não funciona, e que essa coisa de criticar "o sistema" sem apontar dedo a ninguém é muito gira mas não leva a lado nenhum.

Aqui fica o comentário 1

Sofia Bento disse...

Ah, obrigada sr RJT, mas o cavalheiro é demasiado amável. Eu sei que estou a perder qualidades. No início, também gostava do post, mas agora vejo que não está suficientemente acutilante.
Se estivesse realmente bom, este post já teria pelo menos uma dezena de rabecadas...

Tem razão relativamente aos alemães, mas a fábrica fecha em Portugal para abrir em Saragoça.
De qualquer forma, a farpa não era dirigida aos festejos, mas sim ao facto destes excluírem a consciência pelos problemas do país.
Os alemães festejam, mas nem por isso deixam de estar atentos ao que se passa.

Relativamente à educação não percebi se concorda com a ministra ou se tem mais a posição do bem-feito para os profs.
De qualquer forma, não posso concordar. Admito que haja muito professor por aí que bem merecia um susto, mas também há muitos professores que abdicam de muitas coisas, como a família por exmeplo, para poderem ser professores.

Todos nós já tivémos professores motivados e professores frustrados e revoltados e todos nós sabemos a diferença, ainda para mais quando estamos a falar do ensino básico e secundário, em que os alunos precisam bastante de um guia.

Também não precisávamos que fosse a RTP a mostrar que há violência nas escolas
O que me choca aqui é que o ministério encontrou nos professores um bode expiatório e a ministra conseguiu dizer e repetir noutros media as mesma coisas sem haver manifestações de desagrado.
E não nos esqueçamos que ao dizer que a culpa é dos professores, a ministra está também a dizer, "coitadinhos dos alunos". Quantos professores levantaram a voz a um aluno para ele estar quieto e no dia seguinte tiveram lá os pais a pedir explicações...

No fim de tudo isto, eu também gostava de dizer bem feito, como a formiga disse à cigarra "pois cantaste durante o verão? então agora dança"
Mas não vou conseguir.

Compreendo o seu ponto de vista final, o problema é que as pessoas nem se dão conta de tão embriagadas com o Mundial que andam.
Pelo que estas barbaridades nem isso têm de positivo.

De qualquer forma obrigada pelo elogio, embora tendo em conta a falta de reacções me pareça imerecido.

Anónimo disse...

como é bom saber k ainda há humanos neste país com a massa cinzenta no activo!...("operacional" se é q se entende)

e agora?! vo sair para a rua, a cantar e a dançar. Passar o dia com um sorriso de orelha a orelha.

(ganda blog k tends aki,hein?.......)
dissertacao concluida..